sábado, 15 de janeiro de 2011

O PERFUME DE ANITA


     Anita, minha babá, que desde meus primeiros dias de vida cuidara de mim, chorava à porta de meu quarto, como que compartilhasse do meu sofrimento. Era uma mulher forte, negra, batalhadora. Sua mão esquerda sempre era vestida numa luva, quando eu perguntava à respeito do uso, dizia-me que sua mão esquerda possuía uma pele sensível, a qual protegia para evitar machucados.

     A considerávamos como se fosse de nossa família. Ela fez de mim uma filha que sempre quisera ter, contudo, era infecunda. Nunca nos contou sobre sua família ou amigos.

     Lembro-me que uma vez, quando eu tinha uns doze anos de idade fui adentrando em seu quarto em passos silenciosos, como só as crianças sabem fazer. Ninguém, nem mesmo minha mãe que era sua grande amiga jamais tinha entrado ali. Anita sempre trancava a porta e saía com a chave no bolso tão fundo quanto seguro.

     Entrei no quarto, e reparei que haviam dois vasos cheios de flores, flores estas as quais nunca tinha visto em toda minha vida e em nenhum livro de botânica, exceto... Recordei, exceto uma vez! Sim, eu já havia visto uma daquelas flores em algum lugar, só precisava lembrar onde.

     Isso! Lembrei! Em um livro na biblioteca do papai, entretanto, fazia muito tempo que eu a havia visto, acho que eu tinha uns oito anos, encontrei sua ilustração por acidente, enquanto brincava com os livros antigos do meu pai na biblioteca que ficava em seu gabinete no térreo do palácio.

     Enfim, Anita estava lá, em seu quarto, penteava seus cabelos; sentada sobre uma cadeira de madeira bem talhada com o assento revestido de camurça vermelha. Olhava seus cabelos do tipo afro que iam sendo penteados através espelho. Sobre a banca em que ficava o espelho em formato oval existiam alguns frascos de perfumes – de fato, Anita andava perfumada por onde quer que ela fosse – sempre com a mesma fragrância.
     Notei que a fragrância de seu perfume era o mesmo que aquelas flores – de pétalas brancas com um leve tom roxo em suas extremidades e com grandes Astúrias amarelas que saíam do seu centro – exalavam pelo pequeno quarto. Pude ver também que Anita possuía uma marca na parte superior da mão esquerda, a qual cobria sempre com uma luva.



     Do rótulo dos perfumes que estavam sobre o móvel podia-se ler: Flor de Cetrus. Mamãe uma vez havia falado que iria comprar um perfume feito de Flor de Cetrus, todavia, disse-me que estas flores só podiam ser encontradas no norte do Brasil, mais especificamente na floresta Amazônica, onde os elfos habitavam há muito tempo atrás – antes de tornarem-se prisioneiros dos lobisomens.

     Estes últimos aprisionaram os elfos em suas terras, localizadas no sul da Ásia, e toda Oceania. As feras da noite, ainda dominavam a costa sudoeste da África enquanto os andróides dominavam o norte da Ásia além do sudoeste europeu - fazendo fronteira com os vampiros que dominavam todo o leste da Europa – e a costa noroeste da África, confrontando-se com os lobisomens tanto no continente africano quanto no asiático.

     Então, estas flores além de serem mágicas, traziam consigo todo um aroma muito agradável, tão agradável que todos os seres, independentemente de seu clã almejavam possuir. Uma vez, papai disse-me que até o mau cheiro dos lobisomens tornava-se imperceptível com o uso de tal perfume.

     Por fim, o pequeno quarto era pequeno e parecia-me confortável, a cama estava coberta por um forro de cor marfim e a janela – que dava para o lado leste do palácio – era coberta por uma cortina simples, feita de chita e fitas de cetim davam o acabamento com laços pregados na extremidade inferior do tecido.

     Toda noite Anita saía às escondidas, só eu sabia e mais ninguém. Dizia-me que ia ao encontro de um pretendente – tal sujeito que jamais conheci. Ela pulava a janela do seu quarto e, não sei como, passava pelo enorme muro que cercava nossa propriedade – ela era uma grande amiga.

     Quando ia saindo do quarto perfumado de Anita, ela notou minha presença, ficou assustada e repentinamente ficou irada – fora a primeira vez que a vira tão brava. Mandou-me sair dali imediatamente – e eu saí chorando, ao mesmo tempo espantada com a reação de Anita.

     Vendo minha expressão de pranto e temor, Anita pegou-me pela mão, saímos de seu quarto – como sempre trancou a porta – agachou-se em minha frente, olhou em meus olhos com uma feição de dó e deu-me um beijo na bochecha direita. Falou-me estar arrependida do que fizera comigo e depois jurou nunca mais o fazer novamente com a condição de eu jamais entrar em seu quarto sem a sua autorização. Jurei.

     Depois de chorar muito atrás da porta de meu quarto, lamentando-se comigo do meu infeliz casamento, ela saiu. E eu fiquei ainda lá, enfurnada em meu quarto, pensando em como a vida é cruel e amarga.

      Os andróides são frios, em sua grande maioria. Eu já havia ouvido falar horrores deles, de como torturavam seus prisioneiros de guerra. Papai tinha um interesse nesta história toda, e, para conseguir o que queria iria muito mais longe, eu sabia disso.

      Minha respiração tomada pelo choro e pelo desespero era a única música que se fazia ressoar naquele espaço. Deitei-me na cama, largada, como quem se entregava à dor. Ouvi passos vindos do corredor. Não movi-me para observar quem era. Este alguém que a pouco fazia-se ouvir pelo som de seus passos pelo grande palácio sentou-se junto a mim. Ainda assim, permaneci na posição em que estava.
- Minha doce amiga, por que estais a chorar prantos tão amargos? – Eu conhecia aquela voz, mesmo assim não quis olhar, era Alice, minha melhora amiga, só ela sabia que eu era uma bruxa. E ela silenciou este segredo dentro de si. – Alegra-te! Já vem chegando o aniversário do Imperador, e nós estaremos lá para prestigiá-lo. Todos os bons partidos estarão na festa, quem sabe algum não se interesse por nós... Mas, agora levanta-te!

- Tu não compreendes amiga Alice. Mamãe disse-me agora a pouco que estou prometida.

-Prometida!

-Sim. Isto mesmo. Prometida.

- À quem? Tu o conheces?

- Não sei seu nome, só sei que é rei da Itália. Nem o quero conhecer. Será que é difícil entender que eu quero que o amor aconteça por ele mesmo? Quero tanto encontrar um homem ao qual me apaixone eternamente... Não quero um casamento de contratos.

-Como podes ter tanta certeza que não poderá amá-lo? Nem o viu ainda...

-Porque ele é um andróide Alice! Um andróide! – Ela olhou-me bem ao fundo de meus olhos e, senti o seu desconhecimento do que haveria de ser um andróide. – Andróides são mortos-vivos que, para viverem, implantaram ao copo pedaços de máquinas. Alguns têm braços mecânicos, outros, pernas e há outros ainda que as ferragens tomam parte do rosto.

Olhamos-nos alguns instantes eu esforçava-me a segurar meu pranto, até que vi dos olhos de Alice jorrarem lágrimas de lamento e impotência. Abraçamo-nos fortemente, como duas irmãs, e eu senti que não estava só.

- Não entendo o porquê de toda essa lamúria. Deveria agradecer ao papai por ele ter-te arrumado um bom homem para casar. – Ouvi. Era Carolina, minha irmã. Sempre fria e sarcástica. – Não te preocupes com esta, Alice. Aposto que será a madrinha do casamento de minha irmãzinha.

- Aniquefassa! – conjurei. E a porta do quarto se fechou bem na cara de Carolina. Fiquei ali na cama, chorosa e desesperançosa da vida, mas, sobretudo, do amor.

- A propósito, papai quer falar com você Clara. Ele está muito animado, é melhor descer imediatamente. – Gritou-me Carolina do corredor.

     Depois de ouvi-la enxuguei com as mãos meu pranto, fingi-me de forte tentando enganar os outros que me vissem e a mim mesma. A seriedade tomou-me conta do espírito, e desci as escadas.

     Desci degrau por degrau, em um rito tão lento quanto sem vontade. Papai estava na sala, fumava um charuto francês enquanto ouvia Mozart pela antiga vitrola. Sua face sorridente olhava o jardim em frente à casa pela janela, talvez tentando imaginar o futuro da sua filha casada com o marido que lhe arranjara. As tulipas amarelas que eu e a mamãe plantamos no outono passado, as roseiras das quais se podiam ver rosas brancas...

     A verdade é que, todo o clã dos bruxos sairia ganhando com meu casamento. Nós conseguiríamos aliados, os andróides dominavam o sudoeste da Europa e o oeste asiático, na altura da região do Império Russo.

    Esta aliança seria de muita valia, já que não seria nada fácil vencer os vampiros, um dos nossos piores inimigos há séculos. Minha presença ainda não tinha sido notada pelo meu pai, e se caso ele houvesse percebido-me não demonstrara.

- Papai? Mandou chamar-me?

- Sim, filha minha – disse com um sorriso discreto – sabe que te amo não é?

-Sim papai.

-Sente-se, querida – sentei-me em sua frente – sabe que eu sempre quis e vou querer sempre o seu bem, não é mesmo?

-Sim.

-Há pouco confirmei um trato. Você está prometida em casamento, prepara teu enxoval, se o tempo nos permitir tua cerimônia será em breve. Muito em breve.

-Como assim papai? Não quero ser vítima de um casamento arranjado nem tão pouco de suas alianças militares. Tenho o direito de rejeitar tal proposta que me é imposta. – Disse cheia de mim mesma. – Sou uma romântica papai. Sonho com o amor verdadeiro, desses que acontece por si só, sem interesse algum a não ser o de só amar.

- Deixe de besteiras Clara, o tempo ensinar-te-á a amá-lo. E tu te tornarás rainha...

- Casada com um andróide? Máquinas não amam e nem mortos-vivos sabem amar. O único sentimento que há dentro destas criaturas é o ódio.

-Ódio que nos ajudará contra os nossos inimigos.

-Isso mesmo, só o clã dos bruxos sairão com vantagem, à custa de um matrimônio baseado em interesses. Entenda-me, por favor, deixe-me decidir sobre meu próprio destino. – Implorei com os olhos reluzentes em lágrimas. Mas, não derramei pranto algum, estava orgulhosa de mim mesma por reivindicar algo que, de fato era minha, a decisão de decidir sobre meu destino.

     Silêncio. Talvez, se eu continuasse a falar acabaria chorando. E deu para ouvir de cima do Palácio o miar de um gato, certamente o mesmo de momentos atrás. Não sabia para onde olhar e, quase que agoniada procurava alguma coisa para observar, o que eu realmente queria era sumir dali, naquele instante.

-O que está feito está feito. Prepara-te, pois, ele virá daqui a alguns dias. – Respondeu olhando-me com profundidade. – Será a futura rainha da Itália e, o nosso clã dominará os outros existentes.

-Sumitafus! – Conjurei o feitiço do desaparecimento. Fui parar na rua em frente ao Palácio. Naquele momento queria um momento pra mim, só pra mim. E mesmo ao lado de fora de casa ouvi os gritos de meu pai chamando-me com grande ira. Não seria uma boa ideia voltar para lá agora, não mesmo.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

UM DIÁRIO, UM GATO E UM CASAMENTO





 “Abram-me todas as janelas!

Arranquem-me todas as portas!
(...)
Quero viver em liberdade no ar,
Quero ter gestos fora do meu corpo, (...).”
                                                                                               -Fernando Pessoa-




     Vez ou outra eu traduzia meus mais profundos e enigmáticos pensamentos em palavras, ali em meu diário – que sempre ficava a tiracolo. Toda a noite encontrava-me admirando a lua do batente da minha janela, no primeiro andar do Palácio Rio Negro, no Rio de Janeiro, sede do Império do Brasil – onde morava com minha família – fazia isto quase que ritualisticamente todos os dias.
     Vários foram os instantes naquele dia em que senti como que alguém estava a observar-me ao longe, minha pele tão alva quão iluminada dos raios prateados da bela lua cheia arrepiou-se – sim, alguém estava próximo a mim e eu não fazia à mínima ideia de quem fosse – entrei rapidamente para o quarto fechando a janela e as cortinas já quase que desesperadamente. Era uma energia ruim que eu sentia.

     Minha mãe passava pelo corredor quando me viu mover-me apressadamente – o que houve? – Perguntou ela em um tom tranqüilo e ao mesmo tempo preocupado – Clara? – Insistiu para que eu falasse.

- Não sei mamãe. Senti uma energia muito ruim, nunca tinha sentido algo que assemelhasse àquilo.

- Calma criança – disse-me ela entrando em meu quarto e sentando-se ao meu lado na beira da cama – Pode ter sido um gato talvez, você sabe que gatos têm a capacidade de absorver energias das mais variadas pessoas.

     Ao acabar de falar-me estas palavras um gato o qual não conheço miou de algum lugar em cima do teto. Depois disto, rimos. Minha mãe, a Duquesa de Camden Verena de Albuquerque era a mulher mais doce e inteligente que eu já pude ter a honra de conhecer.
     Alta, corpo com curvas singelas, possuía olhos da cor do mar, cabelos negros de fios finos e cacheados, uma pele tão alva quanto a minha e bochechas rosadas que lhe davam um ar misto de ingenuidade e sedução.

- Como tem passado os últimos dias minha filha meiga e romântica? – Sorria e me abraçava – Tenho sentido tua falta ao meu lado.

- Mais romântica que meiga, mamãe – respondi com sua mesma doçura na voz e um leve sorriso no rosto – a senhora sabe como estou. Ando triste ultimamente, não tive a sorte de conhecer alguém como aconteceu com minha amiga, a princesa Francisca. Ela sim teve sorte. Foi amor à primeira vista pelo príncipe de Joinville, Francisco Fernando. Às vezes penso se meu destino é viver sozinha mamãe. E temo que o seja.

- Temes à toa minha querida. Teu pai já recebera hoje mesmo um rapaz que interessou-se por ti. Pareceu-me de boa índole, e você, minha pequena, sabe que muito dificilmente se engana um bruxo – disse-me afagando-me em seu colo materno – ele é rei da Itália, querida. Bonito, jovem...

- Quero que o amor me aconteça e não um amor construído em cima de interesses mamãe. Sei que, meu pai fará isso por nós, por nós mamãe! Ele sabe que precisamos de aliados nas terras da Europa e, sendo assim, meu casamento com esse rei italiano seria com que um selo nesta aliança que ultrapassa o matrimônio.

     Fizemos um instante de silêncio, enquanto eu derramava as lágrimas que insistiam em sair-me dos olhos, minha mãe olhava-me com compaixão. No fundo ela sabia que eu estava certa e, compreendia o meu estado naquele momento.

     Fiz menção em sair do quarto, entretanto, tudo o que eu mais necessitava naquela hora era estar cravada nos braços daquela que sempre me apoiou: minha mãe.

     Não queria que acontecesse assim comigo. Jamais acreditei em casamentos arranjados. Jamais. Eles em sua grande maioria aconteciam por interesses, e somente por eles se concluíam os fatos. Não se aprende a amar um homem como marido assim, da noite para o dia. O amor acontece e pronto. E sabendo disso minhas lágrimas não paravam de jorrar.

     Quem dera que as estrelas, destas que eu fico a observar ouvissem minhas súplicas naquele momento. Uma pergunta me vinha à boca e custava-me cuspi-la, até que com muito esforço sussurrei aos ouvidos de minha mãe – o que é ele? – O silêncio se fez ouvir no quarto escuro, e, sob um raio de luz que vinha da lua prateada, cheia e solitária lá de fora ela me disse em tom baixo e piedoso – andróide – e saiu daquele cômodo, me deixando a chorar por minhas amarguras amorosas. Sei que aquilo doía mais nela que em mim mesma, ou talvez, doesse tão grande dor em ambos os corações, tanto no da filha, quanto no da mãe.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O ENIGMA DE CLARA CROMWELL E OS CINCO SIGNOS DA MAGIA - Capítulo I - A DUQUESA, A HEROINA E UMA TATUAGEM



“Se procurar bem você acaba encontrando.
Não a explicação (duvidosa) da vida,
Mas a poesia (inexplicável) da vida.”
-Carlos Drummond de Andrade-



     Eu estava ali, no batente da janela de meu quarto. Estava – pelo menos de corpo. Confesso que a beleza do luar tinha-me arrebatado meus doces pensamentos que se encontravam tão distantes quanto as terras da Europa – aquelas que outrora eram meu lar.

     O título de duquesa era um estigma, carregava-o desde meu nascimento e, mesmo antes de mim já se fazia presente em minha família. Sou a jovem duquesa, Clara Cromwell Verena de Albuquerque – sou a única com o sobrenome Cromwell, mamãe disse-me que se tratava de uma homenagem à uma poderosa e heróica bruxa que chamava-se Clarissa Cromwell. Desde criança Clarissa tinha se tornado um exemplo para mim. Sempre pensei no que ela faria ou como se comportaria se passasse pelas situações que tive de passar.

     Sou irmã de Carolina Verena de Albuquerque – a qual tenho a impressão de não gostar de mim, filha do duque Marcos Verena de Albuquerque – um pai amoroso, contudo, muito rígido em certos momentos e da duquesa Paloma Verena de Albuquerque – esta que tenho certeza de que habitaria o céu, se acaso não fosse bruxa – como todos os indivíduos que carregam consigo o sobrenome Verena. 

     Eu trazia sob minha pele algo que jamais pude compreender ou explicar. Era uma tatuagem, cheia de letras e símbolos que cobriam minhas costas. Desde a gênese de minha existência já possuía em mim estas marcas. 

     Elas eram ao mesmo tempo segredo e enigma. Ninguém, (excerto minha família e Alice), sabia do meu sinal. Os questionamentos sobre este mistério que estava impregnado em minha pele tão alva e delicada tornaram-se rotineiros para mim. Algo dizia-me que meus pais sabiam sobre o que era e, para que era quilo porém, mudavam de assunto quando eu os indagava -era sobre mim! Eu tinha o direito de saber! – e parava, tentando pensar o que Clarissa pensaria que fosse tudo aquilo em mim.

     Tudo o que recebi em resposta às minhas perguntas foram somente silêncio e palavras vagas, talvez mentirosas. Aprendi a vestir-me sozinha, não queria que ninguém soubesse daquilo que nem mesmo eu poderia compreender. Comecei a passar horas nua em frente ao espelho, olhando aqueles traços tão variados e misteriosos. Nada pude entender.

     Alice ajudava-me. Ela freqüentava uma antiga livraria na Rua do Marquês de Klavaroski, falava-me sempre de um simpático senhor inglês, o senhor Mc. Feeld. Fazia-se muito tempo que ele era proprietário da Libri & Veneficus, sua loja de livros, a mais antiga de toda capital do império.